sexta-feira, 20 de julho de 2012

Quando a árvore declina

Foto: Alvaro Guzman

Carniça fétida
[são alguns
à beira da estrada exala
a putrefação gasosa
aeróbias e anaeróbias
o banquete do pó ao pó
aquele velho corpo sem alma
derrama seus últimos favores

impressiona seu estado
espasmódico do antipático
destruidor ora auto-suficiente
e cínico, tão cretino
homem de tantas vaidades

desonra os achegados
e até desconhecidos quando passam
[aponta defeitos na rua
dedo acusador e língua
peçonha nela abriga

jaz em degredo extremo
líquidos, gases, mil processos
até a auto-absolvição
da carne que não é alma
tal será bem-vinda
só aos vermes em seu final
triste!

aborrecer de mente
canalhas são sobremodo sem jeito
um tiro, bala perdida, desarranjam com efeito
[fazem blasfêmias soltar
os que amores cultivam no peito

pobreza não é só não ter o que comer
ou vestir, onde morar
pobreza é não valorizar o que se tem
espírito pequenino acalentar dentro de si
[árvore danosa vai crescendo torta
enverga-se para outras abafar
por fim tomba


Joice Furtado - 20/07/2012

Realmente, a língua pode ser um chicote e, a mente, essa chicoteia com o poder de mil línguas de fogo.

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