quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vestida de mar



Foto: Emilie Leger

Vestida de mar
às orlas do 
pensamento

ondulo vEntre
ressacas no ouvido
direito

sinto 
a maré levanta-se
ergue a beira do rio

praia do amor
vestida de amar estou
por dentro, mais dentro
balança o brinco dado-me por ti

beba meus poros
sal, água, carinho
a volúpia vai junto

êxtases matutinos
vespertinos
quando beijo o Sol

do líquido traquejas
arquejo o corpo em ondas
ser(e)nada mais importa

misturo meu desejo ao teu
terno oceano

Série MarAmor-Mar(A)vida - 2013 

Joice Furtado - 21/02/2013

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Risco

Foto: Web

Um risco no céu
desmaio
luzes incandescentes


atordoa gente
range, ronca, rugem
especulações cadentes


o céu em chama
o céu
milhares de olhos

soam em ais
corações dormentes
choram

poeiras sobre a Terra

uma pancada e tanto
quebrados dentes
desafinou o canto



surpreendido teto do mundo

Joice Furtado - 15/02/2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quanto querer

Imagem: Andrius Kovelinas

Ai quanto querer cabe em meu coração?

Samurai - Djavan

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Quando me pensas


Foto: Web

Tu podes e eu
posso
as infinitudes tecer
compreendes?

Pensamentos mais que vultos
viagens ou absurdos
- sonho - 
sinto-te perto 
ao menos quando me pensas

divago horas
choro a minha falta
a fantasia dos sorrisos trocados
magoo o desejo
intacto, mas triste

pensava no abraço
ele fugiu da minha volta
retive o vento
suspiro

com mãos ainda abertas
aperto um verso simples
dentro de mim há tiras
emaranhamento

levo-te comigo
ainda que levar seja tolo
esse sou
canto-menino
poema das horas sós
minutos abrigo

fala, mas desconhece
um ser de palavra, aquece-as
pássaro zeloso
guardo o ninho

... dentro do seio
cantarolo versos miúdos
à ti
Amor... à ti

Joice Furtado - 10/02/2013

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Girassóis


Foto: Fabian Perez

Quero girassóis
no sorriso
lábios
teus cabelos soltos

girassóis no quarto
cama
sala e chuveiro

sobre os lençóis da cama
cabeceira
no armário o cheiro
veraneios florais

girassóis na pele
na boca que cede
aos solares apelos
gratos arrepios de desejo

gira-sóis
giram sóis
giramos(sós)
nós
entre travesseiros

banhados corpos de raios
Erostizados vamos
abrindo o tempo

dispersam-se e se juntamcalorosas
nuVens, sorrio

sinto o frescor desta manhã

Joice Furtado - 06/02/2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Trinado poema



Imagem: Steven Kenny

Fiz dos poemas pássaros
livres sentidos
contanto aprisionados
em folhas de papel

Na mente via-os com asas
tal Ícaro
voavam em direção ao Sol
fundiam-se ao calor dinâmico

Tirei meus pássaros da gaiola
era sombria
eles, tão tristes, piavam 
trinados góticos 

Uma expressionista, diriam
abri-me às próprias críticas
repudiei preconceitos
fiz-me nova
sem vício, sem título, sem roupa 
ou hipocrisia (sempre fica um ranço, inevitável digo

Acalorada mulher
peculiar amor à vida, ao conhecimento
- desejo
intenso -  mais desejo

o que me move...
tão radical, instantes perdi
infindos
cato-lhes a beira do caminho feito flores
ferem meus dedos, insisto

- do que nos privamos,
deixamos de viver plenamente! - 

Joice Furtado - 30/01/2013

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Fio-lembrança

Foto: Web

Eu era o velo
enrolado em maço
brincando com o gato
no tapete ou quintal

um sorriso miudinho
pequenino novelo só
afeiçoado a trama


consequente
um puxão nas cordas
minhas voltas
deixei

um fio só
suspiro
e meu sorriso menino
apaguei


arrebentaram a graça
virtude mais que corpo
é alma
aqui dentro essa chama


chora

fiapo atrelo-me a fiapo
até o gato não brinca
vê-me e folga
do meu pedaço de lã


coração de nevoeiro
escondo o riso miudinho
tão pequenininho era
agora
espero o belo desabrochar

juntar-me aos fios de cabelo da moça
ou amarrar bandeirinha no festeiro
quintal da roça, da cidade ou sei lá

apenas sou fio lembrança-
boa
alegro-me com quem me abraçar



Joice Furtado - 02/02/2013

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tessitura

 
Foto: Alaya Gadeh
Recolho as conchas
abraço junto anseios
de todos meios sentidos
és encanto

brincando com letras
seduz teu alinho
composta mulher
visito-te no que durmo

entrelaçadas mãos 
sorri meu coração menino
gestos deste cuidado íntimo
sinto-te por fim

quanto sente eu sei
imagino que amas, esperas
acostumei-me a fantasia de tê-la
achegada ao ventre

teus dedos ligeiros e fala
manso do rio
navego por tuas páginas
vivo-te quando me vivo

a tempo...
entendes quanto me custa a sombra
um pássaro ferido, careço remendos na asa

suspiro e espero
a mente sensível traquejas
admiro!
           Esse é o verdadeiro sentimento:
         independe do eu ou tu inglórios
         necessita ater-se aos nós
         rogo que se mantenham firmes 

À noite vens com a lua
tecerei as redes
hoje vou para o mar

Joice Furtado - 01/02/2013