segunda-feira, 29 de abril de 2013

Paisagens ExtraInteriores



Foto: Vladimir Clavijo Telepnev

Paisagens de mim
meadas sensações
em recomeço
desdobramento

Planejo inventos
somo
traços sentidos
frações do mesmo

Recuo e avanço
planto pés na terra
cresço
danço com a brisa

Movimentos intensos
pensares e argumentos
variado
efeito cognitivo

Lambo o selo
carta íntima tenho
jogo pernas para cima
matéria evolutiva

Paisagens minhas
meadas trançadas
destapo sol da peneira
bordo luzes 

nos pelos, boca, olhos
sexo
desejo linha expressiva
azuis, amarelas, oliva

verde esperança
caminho no grAmado peito
sinto
as vontades mais belas

aprendo o apreensível
desprezível nunca
fusível, fundível
prazer auricular

só quem os abre saberá
ouvir preciosidade
mais além
     guardá-las dentro de si


Joice Furtado

Entregue poema

Foto: Web

Eu lhe dou um poema
com frases dismétricas
e mil flores raras
          sim, um poema
          que ame a cor dos olhos
          voz e contornos
          elegantes traços seus

em cada minuto
por instantes infindos
dou-lhe o verso
também a folha de capa
e todo o conteúdo
          vivo, no poema
          ali estamos
          marcas, tons, nudezes
          sorrimos de mãos dadas 

Eu lhe dou um poema
respiro de cada manhã
no café e quando ando
pensativa rua dos sentimentos
          aqui, um poema
          rouco como sua voz
          sexy sentido
          quanto me provoca!

Eu lhe dou um poema
todos
          de uma só vez
          aos goles de um chope
          na tarde, perto das três
          com rima ou sem

Você é amada 
          poesia de cada dia
          ardente em minha retina
          decantando contos e lágrimas
          emoção bem vinda 

não quero que se vá!
porque me dói a sua perda
sem rumo ou letra
          sem poema
          na avenida arborizada
          flores, ramos, placas
          com pés nas nuvens, calçada 

assim eu fico emendando ondas
          tecendo colchas de palavras
          rendas para você
          enfeites mais que lindos

desaprendo terminar o texto
          há tanto a dizer!
          aí vai o resultado

          Amor

           Eu lhe dou o poema
         nele me vejo, tão seu
     
Joice Furtado    

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Elogiar por Tânia Du Bois

Foto: Web


Fui surpreendida nesta manhã com este artigo maravilhoso de Tânia Du Bois sobre a questão de elogiar e ser elogiado e como tal ato pode fazer revoluções tanto em quem recebe quando em quem o pratica.  E como é difícil para algumas pessoas reconhecer qualidades nas outras! Em um mundo que se torna cada vez mais imediatista, egoísta e perverso, um raio de luz no sentimento alheio é o bastante para salvar vidas. 

Compartilhe um elogio! 

Leia o artigo em Letras Et cetera

sábado, 20 de abril de 2013

Puída


Foto: Paddy Johnston Photography

Quantos tereres bastarão para um Ser?

Se nascemos todos nus,
a roupa é o que menos importa


Seja limpa alma
Seja apenas
alguém decente

: de termos, de palavra, com mente

bastante caráter
não o suficiente para cuspir asneiras


até um cão sabe
reconhecer a dubiedade
rosna e late
rosna e late
frente ao de língua injusta


celebra ao amigo
calor nos dias frios
e quando menos se espera


quem cultua o vazio
Ego!
tropeçando nos pés estará


É tempo de arejar a ideia puída

Joice Furtado

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Bom dia!

Foto: Flor Garduño

Um belo dia você acorda
Acorda porque é preciso acordar
Abre os olhos e percebe
Deixou de amar 

Um belo dia você acorda
Vira de um lado para o outro da cama
Ali um corpo já não está
Então você se sente bem

Um belo dia você acorda
A corda que a enforcava foi rompida
Quando tudo conversado era crítica
Você suspira e pronto

Um belo dia você acorda
Faz um trato consigo mesma - feliz - 
Tudo que aquele era enoja
Você agora sabe o que diz

Sem um filho da puta que lhe coloca para baixo

Um belo dia, sim, você acorda
Pois dormia um sonho agitado
preenchido de constante pesadelo

Um belo dia, Aff!
Esse é seu verdadeiro conto de fadas (a realidade) 

Agora você pode ser quem quiser 

Pensa:
         a sa-Fada sempre sai ganhando

Joice Furtado 

A-fiada Espada

Foto: Flor Garduño

Sou um peixe e só
I-spada
Luto através dos mares
Enegrecida e fria água
Não vejo hoje a luz do sol
Cobriu-se o brilho que tanto amava
Introspectivo sigo
Ouvindo lamentos do silêncio



Dizem que crescer é isso
                            : Saber respeitar as diferenças!



Linguado, Tigre, Marlim, Sardinha

Asfixio meu sentimento com mágoa

Sou um peixe e só
sem nada
       mais a dizer


Na bainha trago a-fiada
                         Espada



Joice Furtado 

Leitura de uma imagem.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O sorriso - William Blake


Foto: Web

há um sorriso que é de amor
e há um sorriso de maldade,
e há um sorriso de sorrisos
onde os dois sorrisos têm parte.
e há uma careta que é de ódio,
e há uma careta de desdém
e há um careta de caretas
que te esforças pra esquecê-la bem,
pois ela fere o coração no cerne
e finca fundo na espinha dorsal
não um sorriso que seja inédito
mas único sorriso solitário.
e entre o berço e o túmulo
somente uma vez se sorri assim;
e uma vez havendo sorrido
todas as misérias têm seu fim.

Tradução: Léo Gonçalves

Um sopro de Esperança

Foto: Web

Todas as manhãs entoa cânticos
sopra brisa fresca neste rosto
deveras seu todo o mundo é
pássaros, flores, até rastejantes

a pedra na qual tropeço, aquela mesma

Você vem com palavras de amor e dádivas
corações duros não percebem quando busca
levanta da lama os mais hipócritas 
incoerentes e tolos, ditos com muita astúcia

a modernidade corroeu muitos desses miolos 
voltados ao sombrio lado, os decadentes
levantam vozes de liberdade, digo mentem
falsos sacerdotes, humanistas, toda gente

mesmo eu que proferi Seu Nome diversas vezes
um boneco manipulado sou desse sistema
"humano"
esse é bem grotesco quando quer ser

cargos de prestígio, dinheiro, poder
o avesso aponta o dedo ao que quer
oculto nas figuras, impulsiona a jogatina
cordeirinhos da mídia e seus enigmas 

então ouço quando chamas por dentro
canções humildes de um amor sobre-humano
surpreendo-me ao ver que vem atravessando
veias, poros, peito até nos lábios o canto

o som sai abafado, quase um lamento
nesses dias quando o mundo agita-se em desengano
ouço tua voz em meu coração queimando
faísca da pureza que me empresta

o céu está caindo, os que aqui estão batem palmas
- cegos, surdos e loucos - 
fazem-se mais sujos, mais mortos para o brilho

a minha espada abaixei, isso é fato
voltado ao próprio umbigo caminho em pedaços
tiras de celofane, criatura frágil 

grito! grito! grito!

levei uns bons tapas na cara por ser atrevido

mas você ainda me vem toda manhã
                 nos lábios meus, cânticos de amor ao Filho

Joice Furtado 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sempre-Viva!


Foto: Tumblr
Dou-lhe as mãos, também braços
doces rimas de Cecília
desfio sentimento em linha
impressões em todos atos

sopro nuvens, vapor amoroso
sobem aos céus vivos relatos
quente corpo, cio e gozo
ponho em alto seus retratos

No instante breve, bela toques
cordas sensoriais nestes sonhos
na ânsia de olhar, chora Eurípedes
tristezas, dias tornam enfadonhos

Sussurre para essa que lhe ouvida
pô-la-ei sobre lençóis floridos 
nos arfantes seios, chamejam gemidos
orna-me amor, colar de sempre-viva

Joice Furtado 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Poesia! por Wilson Caritta


Foto: Web

poesia!



Poesia também é liberdade de expressão

e não mordaça de entendimentos condicionados. 

A vaidade sem ponto final 

não deve servir aos autores 

de qualquer gênero,

(visto que não existe literatura

com ausência poética). 

Humildade é essencial para quem quer escrever e ser lido.

Não falo da humildade barata,

disfarçada pelo silêncio do "ego"
que se julga superior, 

mas, daquela humanizada pelo olhar, 

disposto a enxergar a alma expandida de quem escreve 

com respeito concreto à palavra.


Poema de Wilson Caritta

Mais poemas em seu blog Atemporal

terça-feira, 2 de abril de 2013

Escreve-me - Poema de Florbela Espanca

Foto: Web
Escreve-me ...

Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!


Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!


"Amo-te!" Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!


Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

Florbela Espanca

Quem sustenta quem?


Foto: Olhares.com

Viro a cara na rua
hipócrita desprezo 
esmola e mendigo

sinto aquele remorso
ligeiro golpe na consciência
atravesso a praça central

mãos mais mãos estendidas
batedores de carteira e bolsas
recolho-me insignificante indivíduo

Viro a cara na rua
ingrata sigo
com lapsos de misericórdia

é só um menino cheirando cola
são as vítimas do crack na TV
os traficantes malditos

é fácil só culpar aos políticos!
detentores do poder malignos
bestas-feras da corrupção 

sanguinários nós próprios
esfregados na merda todos os dias
caras pintadas, caras de bosta

suja!

caridade dos homens "bons"

suja!

desigualdade social

suja! 

incapacidade de enxergar o óbvio

...

Nós somos o sistema ingrato
injusto
sustentando uns poucos com muito
fiel voto

... que o Brasil mudará

só tolos acreditam na mesma história
apresentemo-nos hoje em diante

: Leais Tolos! 

Joice Furtado