terça-feira, 24 de março de 2015

Sonambulismos

Foto: Reylia Slaby

Vida sonâmbula
Terra

Fiquei pensando em nós
nos diálogos
choros desajeitados
Vozes ao vento

Trocando pés pelas mãos

Aquela lágrima rente ao olho
desce até minha garganta
e me aperta
Todo o ser

Porque sinto não dizer o bastante
Penso e durmo
Achando-me livre
Desse triste... ignoto mundo.

Joice Furtado

Clandestino

Foto: Chelsea Patricia.com

Qual teu signo,
cor preferida?

Perdoe,
meu poema clandestino
transeunte
Nem tão sexy,
é
mas se esforça
Se revira
Da pálpebra à ponta do pé
Nem tão chato
ou de troça
Moderninho
Sedutor
Poema sem ódio
Se mágoa tem
viu amor...
e sente
a música nas veias
Tuas costas em minhas
Mãos ao mar
das horas mastigadas
Das rotinas
Beijos molhados mais
Sangrias desatadas...
tenho
Só para te ver

Qual teu signo
Cor?



Joice Furtado

Despertares



Observo ao passar pela rua
Aquele fôlego, tapete rosa
Na calçada fria

da esquina sinto

Vejo as flores em seu despertar
Coração tão certo desanuvia
As vistas desabrocham e
a vida

Continua

jogando suas pétalas
ao vento
para depois frutificar.

Joice Furtado

quarta-feira, 11 de março de 2015

Cantos

Foto: Web

Cada canto, quarto
parede
colada ao retrato
cabeça, cabeceira
meu assoalho de idéias
louca,
louça
por lavar os hábitos
sentimento 
interlúdio
lágrima escorrendo
na boca que beija
o sal
marcando
a água do protetor
solar
vida nos olhos 
criança nos olhos
olhos
a tatear paisagens
línguas
decifrando a arte
do corpo
das ligas
ligaduras

ligações

em espera
em franco atirador
de rosas
de meias e conversa
afiada
com vinho e desejo
poemas
elevados
elevador
no andar de cima
desce
debaixo do cobertor.

Cada canto, quarto
parede
colada ao retrato
cabeça, cabeceira...

Joice Furtado

sábado, 7 de março de 2015

Oxidante

Foto: Charlie Schreine 

O cinza escuro das nuvens
Mastigando asfalto e mágoas
Reações adversas deste controlado
Remédio para minha insônia
Insatisfação

Porque não é "do meu costume"... sórdida
Imperfeita perfeição

Me lembram do que não tenho
há horas
Me lembram, me matam
Co(nso)mem, oxidam o tesão

Vergo-me ante o que vejo
Olhos pesos perdidos
e os sonhos...

Se Vão minhas vistas escurecendo
Levando o querer
e sinto
frustrações ao quadrado

.
Matemática cansada
... aumentam minhas olheiras
Exponencialmente

Joice Furtado

domingo, 1 de março de 2015

Mobília


Foto: Howard Schatz


A solidão das coisas
Sentir-se móvel,  cômoda
Uma palavra oca
ressoando
Vazio

Triste andar pelas ruas
Passo ante passo e o vão
Cresce dor entorpecedora

Arrastar de horas,
Dias, anos, beijos a mais
Ignora...

Me ignoro
Salivando pensamentos no tempo.

Joice Furtado