sábado, 7 de julho de 2012

Aos goles

Foto: Arthur Braginsky

Chega-me seu cheiro
terno, morno, úmido
Chega-me
como quem vem de viagem
percebo-lhe, avisto
Insisto em seus lábios
peito e desejo, alma
A indiferença é a morte
ainda aqui- uma nada indiferente

somos você-eu e os goles
a taça de eus diferentes
unindo-se num laço cerrado
matando os Egos no líquido
[voluptuoso
túmido, erétil, vãos em suores

extasiados ao extremo 
porém se mortificando
suportando as dores
gentes e desGentes
feridas para quê?

Um arrepio percorre-me o corpo
ansioso, corrompido em ardores
mulher em flor é assim
desabrocha ao primeiro toque

Ao gemido escondido pelo pudor
dos olhares acusadores
falsos moralistas

Vejo-lhe como quem chega de viagem
com as malas sempre bagunçadas
passageiro do mundo perdido
[um Peter-Pan
ousado, faminto, sedento de mais um gole

[esconde-me na sombra de si

Joice Furtado - 07/07/2012

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