quarta-feira, 4 de julho de 2012

A língua osmunda

Foto:  Ahrum-Stock

O luto que assim ignoras
é cheiro de carne putrefata
cal sobre a sepultura ingrata
fel dos dias, sombra das horas


fogo-fátuo na madrugada
amedronta a retina do humilde
cão revira-ossos e-mundo cutâneo
arrepios apresentam-se no reflexo
empurrão da fé malograda


O luto que a alma carrega
no lombo o asno sofrendo
eleva-se o cheiro da brasa
queimando no peito e cabelos
fumaça fétida no ar cheira


Escuta o gemido do tempo e chora
ora aqui e acolá corrói a traça
destroça pensamentos, estraçalha
tudo que pressente belo guarda
afaga a mão que também acariciará


Face à face, dente por dente


a terra abre-boca língua osmunda
trapaceadora trespassa oriunda
do pó aos-pós consomem-se glicéricos
semi-serrados olhos, pouco-normais
desnaturados prosélitos 


Vermes!


Joice Furtado - 04/07/2012

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