terça-feira, 31 de julho de 2012

Da arte de ser louco


Minhas ganas do teu corpo
louco
sussurro rouco meu desejo
louco
estremeço ao arfar teu gemo
louco
não há juízo bastante ou pouco-
louco
que sou por teus ardentes beijos
louco
invado teu domicílio em desassossego
louco
conto ao mundo os segredos ocultos tão
louco
rasgo o peito converto-me em pássaro e voo
louco
ao espaço de nós apegados um no outro
louco
apaixonado, abrasado e cheio do zelo
louco
mente, corpo e coração 
louco
em ondas paranoicas atravesso o oceano
louco
no degredo avisto a terra-mãe e choro
louco
com esse amor queimando minha alma, tão inútil 
louco
sou refém da caverna úmida de encanto voluptuoso
louco
prossigo, invernos e primaveras, tornei-me bicho-fera
no sereno, na tormenta, nos charcos, na floresta
fora de mim, tão dentro do universo suspenso
pelos raios, ventos, trovões em tempestades
sou vivo-morto, um todo, metade-ignoto, transformado
enquanto persigo a tua indecência, excremento torno-me
universo de estopa vazio quando me enches o anseio persisto 
[em ser
louco
para sempre 


... ou até a devoção passar


Joice Furtado - 31/07/2012

0 comentários: