Foto: Joyce Tenneson
Sinto uma saudade profundade mim? quase tudo
uns chamarão de carência
outros de frescura
eu chamo Saudade
emergências não atendidas
ausências
falta
[do que foi ou era
até mesmo do que virá a ser
Eu sinto aquele aperto no peito
aquele ardor que o engraçado
[diz-me: é azia!
Sinto as faltas chegarem
elas vem como ondas
no dia de calmaria
olho para o mar de faltas
as vagas me consomem
eu ateio fogo nas águas
possível é até provarem o contrário
continuo
muitos pés nas calçadas
trafegam os carros na rua
ainda ouso o encarar-me por dentro
observar o mundo
vejo-me nua
Sem palavras!
Vejo-me, ainda que muito enxergo,
[ver só não é o bastante
ser o só
sozinho e consciente
reinvento os desejos
arrepios na pele
digo ao mundo coisas que gostaria
calo-me
os calos da vida são assim
doem somente nos próprios sapatos
quando não (n)os pisam os alheios
tantas coisas a dizer e tanto que pensar
quem me dera ou dará a luz?
mães-pais que concebem
ouçam
parturientes interiores
alguém em trabalho de parto
Só(mente) o eu
um eu egoísta metido a auto-suficiente
ronda os palácios cerebrais
Abdique
[assim o faço
acendo uma lamparina
claro-escuro ainda a falta
na penumbra do mundo estão
[esperando
muita luz e sombra por escrever
e sonhos...
*
jamais acabarão a não ser que desista
improvável!
Joice Furtado - 17/07/2012
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