segunda-feira, 25 de junho de 2012

Que sou água derramada


Viva-me intensa
imensa e intrinsecamente
abra-me os poros
dance nos sentidos
re(alce-me)
corpo, mente, pele
janelas de viver
gozo que passeia por mim
trans(c)orrendo as entranhas

Viva-me
de peito aberto, alma limpa
n-os céus des(C)ortinas
enlaçamos as mãos em sonhos
transparentes

Como dois que um só não basta
em amizade e amor des(perto)
cada doce rosa, em seu rubor
desprovida não está do espinho
rejeitamos ácidos desertos

Bebamos ao Nascente
Sol que nos ilumina

Viva-me seus olhos, olhares
apegados como grãos que somos
construindo o tudo, mesmo mundo
em não variáveis lugares
dunas diferentes misturando-se
só coração e retina

Sejam lavrados sem pudor
Sejamos a primavera e o regato
nas árvores brotos, novo ninho
aconchegante calor dos braços

Viva-me, assim me debruço
qual água derramada
entre os filetes seus-Vãos
filigranas

mãos, pernas, colo e sexos
abertos em linhas expressivas
recanto meu-
recato que desaparece
Re-Vivo
De-Novo
ante extremo desejo-Seu


Joice Furtado - 25/06/2012


Sabe o que descobri? Que minha alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me entorno e ainda morro vazia, sem gota. 
[Trecho do livro: O fio das missangas - Mia couto]


*
Você saberá que meu trabalho é amor. 
Eros Ramazzotti

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