Permitam-me o indelével ainda que insano
humano mui preocupado ato de suspirar
é que ando com maus-pisares, torto
e multiforme pensamento
caminho trilhas ponderadamente vistas
supondo que sei e penso ser familiar à sua
mente
a qual retina, respinga por todos os lados
trânsito congestionado, imbecis armados
motoristas desrespeitosos, desrespeitosas vidas
maculadas na bosta da droga, chafurdando imundície
dores circulantes, olhares desprendidos
vagam os homens-mulheres mortos
banidos de si, manipulados
em seus próprios, nada insólitos destinos
como mulas treinadas retornam para casa
cabeça baixa, os pés levam o corpo vazio
cadê a alma?
Alma! Alguém se importa?
Todo dia a mesma coisa
A puta que os pariu, se era puta mesmo
sabia, certamente, o que estava fazendo
Mais um no meio de tontos ingênuos
A vendedora de algodão doce, o farmacêutico
doceiro, lavador de carros, digitador
manobrista, carregador de compras e quem mais for
grande espetáculo cotidiano
um leão a cada dia
morrem aos bocados, moscas de padaria
uma morre e outras brotam de volta
nada extermina melhor que o descaso
desgostos, esgotamento a céu aberto
falácias
do céu os olhos perscrutam os homens
Pra que tanto sofrimento?
São as escolhas, meus caros, as escolhas
Arde o peito do mais humilde
aquele que pede, que nunca exige
o respeito o qual sempre lhe foi devido
Essa dor lancinante, queima feito brasa
úlcera dilacerando a carne, o coração
inconformado desse sobrevivente
considero
Que considerar é bastante
Sonho maldito esse de muito sonhar
pelo menos o que sonha ainda
tem vontade de respirar, ao menos
emergir desse charco
corrompedor dos fracos e bons
bons são poucos, existem mais os caridosos-
salafrários!
Joice Furtado - 12/06/2012
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