terça-feira, 12 de junho de 2012

Maus-pisares



Permitam-me o indelével ainda que insano
humano mui preocupado ato de suspirar
é que ando com maus-pisares, torto
e multiforme pensamento

caminho trilhas ponderadamente vistas
supondo que sei e penso ser familiar à sua
mente
a qual retina, respinga por todos os lados

trânsito congestionado, imbecis armados
motoristas desrespeitosos, desrespeitosas vidas
maculadas na bosta da droga, chafurdando imundície

dores circulantes, olhares desprendidos
vagam os homens-mulheres mortos 
banidos de si, manipulados
em seus próprios, nada insólitos destinos

como mulas treinadas retornam para casa
cabeça baixa, os pés levam o corpo vazio

cadê a alma?

Alma! Alguém se importa?

Todo dia a mesma coisa
A puta que os pariu, se era puta mesmo
sabia, certamente, o que estava fazendo

Mais um no meio de tontos ingênuos

A vendedora de algodão doce, o farmacêutico
doceiro, lavador de carros, digitador
manobrista, carregador de compras e quem mais for 

grande espetáculo cotidiano

um leão a cada dia
morrem aos bocados, moscas de padaria

uma morre e outras brotam de volta
nada extermina melhor que o descaso

desgostos, esgotamento a céu aberto
falácias
do céu os olhos perscrutam os homens

Pra que tanto sofrimento?

São as escolhas, meus caros, as escolhas

Arde o peito do mais humilde
aquele que pede, que nunca exige
o respeito o qual sempre lhe foi devido

Essa dor lancinante, queima feito brasa
úlcera dilacerando a carne, o coração
inconformado desse sobrevivente
considero

Que considerar é bastante

Sonho maldito esse de muito sonhar
pelo menos o que sonha ainda
tem vontade de respirar, ao menos

emergir desse charco 
corrompedor dos fracos e bons

bons são poucos, existem mais os caridosos-
salafrários!

Joice Furtado - 12/06/2012

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