domingo, 9 de setembro de 2012

Ondulações


Não sei como dizer-te que minha voz te procura
que sinto tanto mais cresce esta lonjura
vontade que atravessa os momentos
montanhas, rios, vales, pensamentos
Não sei como dizer-te e me exaspero
disparo meus versos desengonçados


busco encontrar-te pelos caminhos
olhos que passam pelas esquinas
simplesmente és tu, ó vida, levando meu suspiro
quanto mais desejo, sigo ritmo inscontante
inalterado anelo este que me guia
Não sei como dizer-te e minha voz tremula
bandeira sobre o local mais ingrime ainda figura
são meus olhos a te procurar, minha boca que saliva
és tu marcada em cada parcela ínfima
dizer-te é pouco para expressar
então me deixe mostrar a corporal poesia
a linguagem mais íntima e sincera
mergulhar-me em ti e transbordá-la
da mais ardente entrega


minha voz procura-te
ecoo milhas de milhas
náuticas, quilômetros acima
túneis transcorro, salto os morros
morrendo não, vo(u) sopro
alento-me dessa tua guia
rosa encarnada de lábios sedosos
és tu meu gozo, embalo-te nele também
encharco-te do visgo deleitoso que me arrancas
com luas, anca senhora, seduzes na alcova
jamais deixarei de dizer-te
acima dos mais tristes momentos
em cada lânguido instante em meus braços
amar não é todo sofrimento
ao menos metade
a outra é céu de contentamento
todo êxtase invade minha pele colada em ti


Agora sei como dizer-te da minha voz
corpo, alma, poemo-te em cada sombra
luz, árvore, pedra, quadro, ó ternura
dos olhos meus és a moldura
certo Encaixe!
uma miscelânea deliciosa
quebra ou não quebra-cabeça
somente me quebra a tua falta

requebra para mim
em ondulações mais e mais quentes

ConVersa com o poema de Herberto Helder postado por Eduardo Lacerda

0 comentários: