segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O dedo que meneia


Imagem: Wojciech Grzanka
do fumo vejo as entranhas
estranho Henry
Milhões de fibras capilares
glóbulos efervescentes
vermelhos e amarelos táxis
nas Boulevards, praças, esquinas
fétida, também perfumada
Paris

de fora encaro as entranhas
ideias nefandas peludas
lisas, escorregadias, quentes
lugar que brota gente
semente em semente
esterco do mundo 

observo atento ó caro 
suas palavras tocam o assoalho
cama, mesa, bancos das praças, becos
prostíbulos entre homens e meninos
mulheres da mais tenra à meia idade
Trópico paralelamente
um câncer espalha-se entre as pernas
sociedade desde a existência
lava sangrenta difunde

liberdade mascarada na exarcebação dela
mímica da  hipócrita vida

madames de rabos empinados
passeiam com suas cadelas
uma trepada por um tostão

viva! = as propagandas de cerveja
o corpo sem mente
assimilando esgotos televisivos
futilidades
morra!
dobrando cada quarteirão

da lama menos densa 
ainda lama
contemplo

riem as ienas diante da carniça
enquanto engasgam 
tripas furadas por vermes
cães sarnentos

são todos esses pães bolorentos
fomentando discórdia
apontam o dedo que meneia
para a testa própria 

Joice Furtado - 17/09/2012

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