domingo, 11 de março de 2012

Sina



Um soluço
e o que era velho, escuro,
pôs-se a lamentar 
a menina de tranças
escuras como a noite,
branca pele, negro olhar
Negros olhos que choram
sob os raios da noite quente,
feitiço imponente do luar

Lembrou-se da primeira estrela,
dos lírios e da primavera
Flores roubadas nos jardins
Das mais queridas, a Dália carmim
como seus lábios de flor, 
cor de fogo, alma acesa
Imensa, intensa vida
pulsava ali

Um piscar de pestanas,
esfrega os olhos ainda úmidos,
avermelhados e turvos
do seu interior orvalhar
Rezas, lamúrias
sangram como açoite
nas costas do desterrado,
foragido da infância,
ainda criança começou a chorar

E chorava como sina,
decerto menina
fez-se forte, mais sabida
ou apenas precisasse
aprender a manipular,
colocar máscara de maturidade
matar os sonhos, acostumar-se
com as regras do jogo,
cedo ou tarde
há que se aprender
a fechar os olhos e esquecer.

Joice Furtado - 11/03/2012

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