segunda-feira, 19 de março de 2012

Alma poética



Um mundo poético faz-se com palavras amigas e outras nem tanto. Às vezes, impo-nos esses fugazes abrigos, ainda que ilusórios, irreais trincheiras desfazendo-se como névoas perante a dura realidade que se eleva,  montanha erigindo em meio ao mar. Sem os tais lugares, dá-se espaço a tristeza, a revoltante constatação de que é só isso, uma luta constante uma disputa ou rinha de galos onde quem é mais fraco, menos corajoso ou menosprezado por assim dizer, incapaz da audácia de manipular os outros, esporadas ferozes leva. Não sou a favor de viver de fantasias, pelo contrário. Muitos dizem que os poetas são loucos, marginais por não se encaixarem nos padrões e expressarem com a palavra, sua arma, toda a vileza e podridão que a alma humana pode conter. Por outro lado, há quem os rotule como sonhares demasiados, viajando em um mundo de fantasia onde o amor é endeusado, os sentimentos são sempre sublimes e verdadeiros, uma perfeita caracterização do que é tolice e coisa de gente que não tem o que fazer. Porém, o que ninguém diz é que os poetas estão além de alguns paradigmas, reconhecem a sua natureza, seja ela suja, perversa, amorosa, complexa natureza humana, não possuindo pudores em  transcrever no papel o que sentem, o que pensam. E, justamente, chegamos ao ponto chave do que diferencia os poetas e escritores dos demais: sua intensidade, vontade ardente dos porquês conhecer, de dizer o que vai em seu interior, enfim, sua capacidade de pensar e expressar de maneira clara o que sentem, sem fingimento ou hipocrisia. Pensar, usar o cérebro para algo mais que não seja reproduzir, medir o corpo humano e a capacidade das pessoas pela sua aparência, ter habilidade de encarar as pessoas e a si mesmo como um universo, um universo repleto de idéias. 

Joice Furtado - 19/03/2012

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