É noite na taverna
Nós bêbados, vadios e sujos
baixos, ladrões e imundos
chamados a ralé literária
Em nosso mundo cinzento
de pão boleronto, torpezas
conscientes
Nós
em nossas mentes
Muitas, dignas palavras
Indignas
e desconsideradas
gentes
Noite na taverna
Sonhadores poetas
bebamos
do simples elixir
qual nos faz cair
Em sumo
Realísticas
ou nem tanto
palavras nunca vãs
Bem-vindos
Façamos a festa!
A lua e as estrelas
dançam lá fora
Aqui na penumbra
luzes de velas, espumas
flutuantes no mar
de pensamentos negros
outros insanos
põem-se a flainar
vultos
aflitivos
cabeças de muitos
falatório maldito
boêmias, boêmios
madrugada
intensa
imersos corações
de mesmo pulsar
via láctea!
Bilac e Nostradamus
poetas a profetas
papéis sobre a mesa
Barco perdido
o poeta menino
em seu navio negreiro
recitando o azar
Mortos em trevas
negros falantes
África doente
choram
soluçam
filhos valentes!
Quanto a nós
não-burgueses
bebedores e cretinos
rotulados
famintos
e imundos
pelos hipócritas,
verdadeiros
impuros
Quebrando correntes
anarquistas, socialistas
esquerda, direita
classe política
apolitizados também
heróis, anti-heróis
em resistência
Mordaças,
jamais,
elas não nos contêm!
Joice Furtado - 28/03/2012
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