terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Chora Eurídice, chora Orfeu



Orfeu, meu querido Orfeu
sei que podes ouvir
a tênue voz dessa amada
Clamando por ti
eu sigo
Teus abraços, teu calor
são meus sonhos doridos
nessa longa jornada,
madrugada fúnebre
que desse mundo, 
que de teus braços
tão cedo me arrancou.

Porém, mesmo de longe
és o meu anelo
Nessa angústia sem rancor,
afagam-me as lembranças
das nossas noites e dias,
do tempo que já passou,
mas que permanece aqui
centelha acesa para clarear
minha magoada alma fria

És o meu anseio, Orfeu
luz que ilumina o olhar, amor
Canta a tua lira
tal qual os rouxinóis,
pois não há mais alegria
só soluços ecoam nesses 
chorosos átrios
Mostrou-se o destino atroz
e os deuses nos privaram
de sermos um, de sermos nós.

Toque, dedilha a canção
docemente
Eis que ela vem,
ultrapassa todas as barreiras
impostas na mente
Canta, canta amor
Posso ouvir tua voz
vibrando no ar,
boas fadas sopram-na,
corações complacentes
fazem-na a mim chegar.

Meu vestido roto de tristeza
vislumbra cores,
adornado pela fagulha,
notas consagradas 
da melodia, devoção
Paixão presente,
minha alma delirante
que o chora, saudosa,
ao raiar da aurora,
ao findar a canção.


Joice Furtado - 21/02/2012


1 comentários:

ryttanunes disse...

Joice, que postagem linda. Amei. Se me permite, irei levé-la para meus blogs. Adoro sua ousadia e coragem de expressão. bjkas.

PS: Reproduzirei no http://amocadovento.blogspot.com/ e no http://coisasqueindico.blogspot.com/