Vens serpenteando a Serra
cristalino, ligeiro menino
brincando de esconde-esconde
pique-pega na paisagem
atlântica mata ciliar
sorriem ipês às tuas margens
Paraitinga e Paraibuna
meus pais, irmãos de luta
embalaram-me no berço
Sou filho do apóstolo
do ouro e do café
São Paulo, Minas e Rio
em mim surgiu a fé
Aparecida
Navegável eu era
esplendoroso pelos vales
caminho de chegada e partida
corredeiras, declives e subidas
Um mar ruim diz o tupi
chora a flora, chora a fauna
hidrelétricas proliferaram
as águas transpostas
para a sede matar - Capital
dor aqui e ali, poluição
já os peixes não dançam nas águas
chorando definha o coração
Minha pátria amada
Não és gentil
dou-te amor, líquido da vida
Agora não bailo, não canto
derramas fel em meu quadril
Atolado em metais pesados
inseticidas, esgotos e poluentes
arrasto-me, sufoco-me, desfaleço
nas ensebadas águas correntes
Esperança e tristeza estão juntas
das minhas margens continuo a busca
sem nunca as encontrar
Sou guerreiro quase vencido
meus olhos rebrilham ao ver meu rei
O grande mar
Ai de mim que sou Paraíba
nasci ruim, morrendo eu vou
amargosa a minha sina
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Minha Barra do Piraí
mataste-me em prol do progresso
Estou indo, desapareço
bebes os meus amargores
e ficas aí a fingir, des-plante,
que tudo em ti serão flores
Joice Furtado - 15/05/2012
Poema inspirado no "Velho Chico" do amigo Manollo Ferreira
Fontes de pesquisa:
http://www.jendiroba.com.br/downloads/faap_rio.paraibado.sul.pdf
http://www.inea.rj.gov.br/fma/bacia-rio-paraiba-sul.asp
2 comentários:
Que triste, Joice!
Que triste, Joice!
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