quarta-feira, 27 de março de 2013

Poema constante


Foto: Web

Espanta tristeza 
com frase sintética

Tática
       do poeta 

retirar do caos
algum alívio 

compor versos com beija-flores
infantis sorrisos 
casais na praça

amando a perder de vista
sincero e fiel coração embebido em sonhos
chora amargor das horas e partidas
lembranças

abraços nunca dados
e os quentes demais para esquecer
são fonte de vida
termo-constância

hoje sente a brisa no rosto
amanhã o vapor do fétido esgoto

a céu aberto contempla nuvens
pássaros em bandos 
as bandas da bunda que passa

mede silhuetas na orla, calçadão ou no bar
de uma esquina pobre fedendo cachaça
torresmo e ovos cozidos

se lhe fazem bonito gesto - canta - 
olhar ou exclamação
suspensa no ar, a saudade
falta parecendo metrô em construção
- só cresce - 

fala atravessada magoa
guardar-se no silêncio
cio
de si mesmo

sacode o mundo interior
jogando palavras para fora
suas retinas vêem a alma

forte é o ser que muta
sensibiliza
porém, não se esconde 
            estica os braços sobre o papel
                  e, sim, no imaginário, bate asas

Joice Furtado

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