quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A hora (Juana de Ibarbourou)


Toma-me agora que ainda é cedo
e que levo dálias novas na mão.


Toma-me agora que ainda é sombria
esta taciturna cabeleira minha.


Agora que tenho a carne cheirosa
e os olhos limpos e a pele de rosa.


Agora que calça minha planta ligeira
a sandália viva da primavera.


Agora que em meus lábios repica o sorriso
como um sino sacudido às pressas.


Depois…oh, eu sei
que já nada disto mais tarde terei!


Que então inútil será teu desejo,
como oferenda posta sobre um mausoléu.


Toma-me agora que ainda é cedo
e que tenho rica de nardos a mão!


Hoje, e não mais tarde. Antes que anoiteça
e se torne murcha a corola fresca.


Hoje, e não amanhã. Oh amante! Não vês
que a trepadeira crescerá cipreste?


(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)


La hora
Juana de Ibarbourou


Tómame ahora que aún es temprano
y que llevo dalias nuevas en la mano.


Tómame ahora que aún es sombría
esta taciturna cabellera mía.


Ahora , que tengo la carne olorosa,
y los ojos limpios y la piel de rosa.


Ahora que calza mi planta ligera
la sandalia viva de la primavera


Ahora que en mis labios repica la risa
como una campana sacudida a prisa.


Después… !oh, yo sé
que nada de eso más tarde tendré!


Que entonces inútil será tu deseo
como ofrenda puesta sobre un mausoleo.


¡Tómame ahora que aún es temprano
y que tengo rica de nardos la mano!


Hoy, y no más tarde. Antes que anochezca
y se vuelva mustia la corola fresca.


hoy, y no mañana. Oh amante, ¿no ves
que la enredadera crecerá ciprés?


Retirado do blog Utopia de Maria Teresa Almeida Pina 

Sugestão de leitura da amiga Carmen Silvia Presotto.

1 comentários:

poeticaria-ensaiodaspalavras disse...

Que belo, Joice! O amor revela-se na urgência do passado, pois toda a sua ânsia é um enlace.

Beijos!!!