Toma-me agora que ainda é cedo
e que levo dálias novas na mão.
Toma-me agora que ainda é sombria
esta taciturna cabeleira minha.
Agora que tenho a carne cheirosa
e os olhos limpos e a pele de rosa.
Agora que calça minha planta ligeira
a sandália viva da primavera.
Agora que em meus lábios repica o sorriso
como um sino sacudido às pressas.
Depois…oh, eu sei
que já nada disto mais tarde terei!
Que então inútil será teu desejo,
como oferenda posta sobre um mausoléu.
Toma-me agora que ainda é cedo
e que tenho rica de nardos a mão!
Hoje, e não mais tarde. Antes que anoiteça
e se torne murcha a corola fresca.
Hoje, e não amanhã. Oh amante! Não vês
que a trepadeira crescerá cipreste?
(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)
La hora
Juana de Ibarbourou
Tómame ahora que aún es temprano
y que llevo dalias nuevas en la mano.
Tómame ahora que aún es sombría
esta taciturna cabellera mía.
Ahora , que tengo la carne olorosa,
y los ojos limpios y la piel de rosa.
Ahora que calza mi planta ligera
la sandalia viva de la primavera
Ahora que en mis labios repica la risa
como una campana sacudida a prisa.
Después… !oh, yo sé
que nada de eso más tarde tendré!
Que entonces inútil será tu deseo
como ofrenda puesta sobre un mausoleo.
¡Tómame ahora que aún es temprano
y que tengo rica de nardos la mano!
Hoy, y no más tarde. Antes que anochezca
y se vuelva mustia la corola fresca.
hoy, y no mañana. Oh amante, ¿no ves
que la enredadera crecerá ciprés?
Retirado do blog Utopia de Maria Teresa Almeida Pina
Sugestão de leitura da amiga Carmen Silvia Presotto.
1 comentários:
Que belo, Joice! O amor revela-se na urgência do passado, pois toda a sua ânsia é um enlace.
Beijos!!!
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