minha alma alerta
sangra temores
ando nas horas, inquieta
relógio do tempo
queima ímpeto pestanas
descambo em regras
pauso, pouso dores
mastigo lacerações escritas
— e os tapas deixam marcas
profundas agressões vejo
de fato, respiro de outrem rancores
— e o que tenho feito?
sofro de amores,
grito
sou só pensamento e palavra
duas
uma abraça outra arranha
seduz olhos ou me cospe a cara
sinto-me nua entre espinhos
alisando esperançosas asas d' seda
é tentativa, angústia
veem esta aparência, consomem versos
enlatados ou não, reponho
empilho escritos de resistência
desconexos argumentos na mente
questionam voraz insistência em acreditar
ser gente ou não ser nada além
- contumaz perseguidora de ideias -
devoradas alegrias por detrações
sufocada pureza chora o branco dos papéis
à mesa vão reclames, aspirações, mágoas
prossigo
rotular-me-ão outra vez
— represento ou derrubo outra peça?
Joice Furtado
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