quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Peças



minha alma alerta
sangra temores
ando nas horas, inquieta


relógio do tempo
queima ímpeto pestanas
descambo em regras


pauso, pouso dores
mastigo lacerações escritas

— e os tapas deixam marcas

profundas agressões vejo
de fato, respiro de outrem rancores



— e o que tenho feito?

sofro de amores,
grito
sou só pensamento e palavra


duas
uma abraça outra arranha
seduz olhos ou me cospe a cara


sinto-me nua entre espinhos
alisando esperançosas asas d' seda
é tentativa, angústia


veem esta aparência, consomem versos
enlatados ou não, reponho
empilho escritos de resistência


desconexos argumentos na mente
questionam voraz insistência em acreditar
ser gente ou não ser nada além


- contumaz perseguidora de ideias -

devoradas alegrias por detrações
sufocada pureza chora o branco dos papéis
à mesa vão reclames, aspirações, mágoas


prossigo
  rotular-me-ão outra vez




— represento ou derrubo outra peça?

Joice Furtado

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