Google+ Mergulhei em seus olhos...

sábado, 8 de junho de 2024

Demasiado amor


Eu poderia amá-lo
sim, poderia
como ama a lua
o espelhar do mar
em calmaria

Eu poderia amá-lo
antes e após a tempestade
raio de luz na nuvem negra
atravessa a fresta
toca o solo
milagreiro na paisagem

Eu poderia amá-lo
feito Neruda ou Caetano
até Vinícius e as águas de Março
... em meu coração

nunca feito Camilo
seu amor de perdição-
salvação é ainda finito
mas eis que amo
DEMASIADO
em caixa alta e gritos
roucos

ainda que terrena
passageira das minhas ilusões
ônibus espaçoMental

Eu poderia amá-lo
sim!
e o amo
nessa eterna fibra
que dura um suspiro

Esse amor
posterior até a morte
que a tudo aniquila
... menos a alma
sentimento-letra
decidida ao porvir
inspira
presente-passado-futuro
sente a Poesia!

Joice Furtado - 22/10/2012

Prisioneiro de Eva


Foto: Pinterest

espalha as chamas
estandarte de ti
armas e lutas
incompreendo

forçosos erros
queixumes
são tantos negrumes
bastam-me os meus

mas sofro
repito
eu sofro
ao ver o desgosto
- prisioneiro de Eva -
algemas na alma
e pescoço
tens

há razão no p(l)eito?
tão confuso és
observo
e me magoo

não existem palavras
tão belas congruências
reparo que o faça tranquilo
bem visto aos olhos
muitos

mas fique
sim, fique
com teu absurdo
... e o aproveite bem
afinal absurdos sempre viveremos
e nem notamos isso

Joice Furtado - 11/12/2012

Faxina

"Hoje não é dia de arrumar as memórias.
Hoje é o dia de começar de novo."

 Sonhar de novo.

_ Vanessa Leonardi

A flor do asfalto

A flor do asfalto
orquídea
árvore incontida

nela todos os mistérios
florescer - noite e dia
Observo-a -

Admiro os ramos densos
femininos
por demais unidos
à corajosa personalidade

Forte como a morte
celebra vida
- no amor e na sorte -
caminha
acrobacias traça
rotas entre terra e céu
santa ou pagã
destila seu mel
de letras e alvoroços
(s)exos letais

ela rearranja, realinha
seu desejo fascina
imPele à ca(l)ma
facínora dos egos reais

Cantilena uiva
dança sobre a lua
na cama e no beco
sua arte é o segredo
... não me canso de procurar

essa poesia-orquídea
nunca irão matar

Joice Furtado - 22/10/2012

Violeiro



Amanheci violeiro
compondo dores
em notas de alegria
fragrante
harmonia para mim
e os que bendigo

Violeiro sem corda
aperto o peito
que chora
canção

coração leviano
matraca
diz tanto engano
e maltrata
o de real no amor

ah coração!

diz que ama
e só usa
abusa coração
das palavras bonitas

(atento estou!)

Amanheci violeiro
alma de neblina
orvalho sentimento
no grAmado meu

... é o teu amor
um acorde duo
toco, toco, toco
ele não se contradiz
nem finge ser
grande é o seu valor

já o coração leviano
samba na cabeça alheia
volta, volta
mas não irá adiantar


Joice Furtado - 05/12/2012


Ah coração leviano não sabe o que fez do meu
Ah coração leviano não sabe o que fez do meu (mas trama)
Este pobre navegante meu coração amante


Coração Leviano - Paulinho da Viola

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Regresso


Foto: David Seidner

Eis que me chegas
Achegas-me, poeta
Sóis, idas e vindas
Estações, estradas, escritas
Chegas
         com vida... no olhar
         mãos desejosas tessituras
         compostas liras

Eis que me chegas
Revirando reviravoltas
Disfarces da língua
entrelaçado instante

Achegado meu
abraço de versos
se me vedes em lágrimas
inquietude drástica
sou pó de estrelas

Sigo bons sonhos
sorrio ao acaso
na praça, na rima, ao largo
por cada palavra não dita
e as que me deixas suspensas
sempre presente, chegas-me
face amiga.

Joice Furtado


sábado, 22 de agosto de 2015

Aparatos



Eu me vejo nele,
tão lúcida
Loucamente penso
Dispo sua pele
e as roupas
Irrompem-me desejos

Cerco seus olhos
Visto uns aparatos poéticos
Manipulo aquela mente
Astuta
Caio em algum declive

Deslizo as mãos curvas
evoco umas falas abruptas
Como
e me deixo comer

Eis nossa fúria
Descontrolados e presos
Alçados ao alto da língua
Gozamos

Sós dedos em segredos
Mais que íntimos.

Joice Furtado