sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Despedida




Aquele dia demorou anoitecer
Como acontece algumas vezes
Parecendo reter-se a noite
ou fazer birra, o sol.

Aquele dia era névoa
passeando nos morros negros
azuis escuros nos cumes 
estranho entardecer 

Aquele
dia queimando as retinas
fibras cardíacas aceleradas
pés e pontos de vista
dores à flor da pele

Chorando o corte nos dedos
espinhos causticantes são medos
ferro
brasa
degredo

Aquele dia
de tão fustigado, ao extremo
morreram sonhos e renasceram
estrelas nos olhos ferrugem
batida terra dos pés

Subiram ao céu em nuvens
clamores, risos e dança
choros, raivas, sanhas

e nunca mais houve, um tal

Aquele dia.

Joice Furtado

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Dos Desencantos



Sorriso de canto
de
olho e tanto

Amor

Canção da aurora
borboletas na cabeça
estômago

Jardim em flor 

Nos cabelos, pelos
curvas e quimeras
Chama-lhe bela
Chama...

Claro, encanto
era pouco e se acabou

um só
    sopro na brasa
    não basta
    pra fazer calor


Joice Furtado