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Existem frases célebres
àquelas mentes, reservados direitos
de irem além do frio escuro
da vaidade, homúnculo denso
Meu corpo treme
ouço tristes, sonoros guizos
estridente, típico pesar
nos ossos causa fissuras
Dura pedra alisada por desgosto
brilha o falso
inútil embora engane bem
preso à mão do tolo
Na joia vida, excepcional lapidação
gema valorosa, mesmo partida
não se rende ao desamoroso murro
O que mais se espera - A palavras é firme -
suave também
molda e pondera
dói sua falta em caráteres, deveras
Nuvens passam sobre as cabeças
mas quem olha para o céu? Quem?
Abutres ou homens são?
Tendo alturas, miram o chão.
Refestelam-se na morte, sobras
mais sobras
eis do que estão diante
: Decepção
espasmo último de gente - ultraje!
Antes de ir à terra, grito
esperançoso sinal
um raio
fura o azul do azul
olhos do Imortal
desejo
Joice Furtado
Foto: Web
Se o sangue explode em fúria
fáusticos tições
acendem a noite abrupta
guerra nas ruas
atrás das mesas, chefões
sorriem. Quanta irreverência!
uma pedra na cabeça
menos uma no telhado
de vidro é o nosso Estado
cívico
quebradiço argumento
legislativo & fraudulento & abasta(r)do
desumano corrompedor dos fracos
pobres de nós
economizamos almoço para janta
quanto vale 20 centavos ao que ganha
tão pouco? - Muito, sim!
lá na Praça
Bandeira tremula
e o povo estrangu-
lado
a lado
com pelotão de choque
cresce a insatisfação
mas eis que surgem, salafrários
em seus casacos brilhantes
nos bolsos são como antes, roubadores
abutres roendo olhos dessa
mortificada nação
algo grande está para acontecer
ouvem-se os alaridos das gentes
ressonante é a dor do mundo.
o corpo nu
copo
transparente voil
arte
natural
almoço, lanche
dia, noite
cedo, não tarde
arde corpo nu
espelha pele
deseja
o ponto do prazer
não só H ou G
tampouco final é.
Joice Furtado
Não sou anterior à escolha
ou nexo do ofício
Nada em mim começou por um acorde
Escrevo com saliva
e a fuligem da noite
no meio de mobília
inarredável
atento à efusão
da névoa na sala.
Densa névoa
cerra olhos tímidos
abertos sentidos estão
ao desejo
boca que saliva
ávida busca
mãos, membros
sensação ininterrupta
prazer à flor da pele
lambo tua presença
selo as horas
colecionando fantasias
deleites corporais
em virtude do amor
esse ser faminto
homem-mulher interior
revestido de muitos
sexos, serenos, agitos
úmidas ausências
calorosas entradas
inscritas na pele ardem
contraponto
vibra música dos sussurros
raios atravessam céus amotinados
carros em fila buzinam
gritos
entorpecimento, dor, loucura
em pensamento sigo
no rádio a garota corre
... Run baby run!
a palmos meço avenida do corpo... teu
descanso retinas na paisagem
tuas nuas nádegas sob lençol
quente imagem
- meu fetiche -
tom mais íntimo
movimenta-te ousado para dentro
dentro de mim
... Run baby run
vou em pleno gozo
dormir semeada por ti
Meus olhos lacrimejam
e nem venta
nessa manhã de junho
lembrando poemas
pego estalos no ar
Porque nascemos poetas
ou em vias de enlouquecer
prendemo-nos aos elos
frágeis-fortes estruturas
abraçamos unânimes palavras
Ainda que nos rotulem
acumulemos dores e insultos
haverá alegrias...
Meus olhos lacrimejam
eMotivo peito
mãos, dedos, cílios
lábios, pernas, inteiro corpo
... atravessando o túnel
com esperança-coração na boca
em tempo de ver
encontrar o sonho
cheirando livro novo
sinto esperado amor
Joice Furtado